Por: Wanderson Nascimento
No último final de semana (29 e 30/06), tive a experiência de correr, pelo terceiro ano consecutivo, o Mountain Do Costão do Santinho, prova disputada na região norte da chamada Ilha da Magia, explorando uma diversidade de terrenos e paisagens daquela ponta de Floripa.
Nos dois anteriores, disputei a distância de 21 Km, que oferece a oportunidade de correr pelas praias do Santinho e uma parte da Praia do Moçambique, chegando também até o início da Praia dos Ingleses, passando, ainda, por costões, dunas e bosques, proporcionando diversas sensações e estímulos ao corpo e a mente. Nas ocasiões, conquistei o 2º e o 3º lugar geral, em 2017 e 2018, respectivamente.
Neste ano, meu primeiro de provas um pouco mais longas, a intenção era explorar um pouco mais os terrenos da ilha. Como não foi possível fazer os 65 Km, parti para a charmosa distância dos 42 Km, que percorre toda a extensão da Praia dos Ingleses – mais de 5 Km – e da Praia Brava, explorando dois outros costões, antes de fazer o restante do percurso dos 21 Km.
Ao ver o gráfico da altimetria da prova, com seus 1200m de desnível positivo, nos enganamos quanto ao nível de dificuldade. A alternância de terrenos e, consequentemente, de estímulos e velocidade, juntamente com o calor e a umidade típicos da beira-mar, a tornam uma prova bem dura, com trechos bem técnicos e exigentes, como os costões, como suas grandes pedras para serem escaladas e as dunas, com sua areia quase movediça, sem contar os longos trechos de praia, cujos ventos contra o peito aumentam nosso esforço para transpor o percurso.
Sobre a prova em si, uma das grandes vantagens é poder correr 42 ou 65 Km sem peso extra, uma vez que a organização disponibiliza pontos de hidratação a cada 3 ou 4 Km.
Largamos às 7h, junto com os participantes dos 65 Km, podendo cruzar toda a Praia do Santinho contemplando um belo nascer do sol. Depois de alguns dias nublados, deu para perceber que iríamos encarar um dia ensolarado. Já no segundo costão, na Praia Brava, com pouco mais de 10 Km, o sol começou a castigar.
Eu e outro atletas nos destacamos dos demais. Usei os primeiros quilômetros para sentir como estava o corpo e estudar o adversário. Logo percebi que ele era superior nas partes técnicas,mas eu levava vantagem nas partes rápidas. Na volta da Praia dos Ingleses, ao retornar da Praia Brava, com cerca de 18 Km de prova, eu estava com uns 500m de desvantagem e aproveitei a longa extensão plana e o vento a favor para impor um ritmo forte, porém controlado, e lançar um ataque, sabendo que, adiante, teria o percurso de 21 Km, o qual já conhecia muito bem.
Assumi a liderança e abri uma vantagem considerável, pois sabia que ainda tinha dois costões e dois trechos de dunas para encarar, sendo os últimos 3 Km bastante duros e técnicos, podendo decidir a prova, caso não tivesse uma vantagem suficiente. Na volta, retornando novamente pela Praia do Santinho, encontramos com os atletas dos 09 e 21 Km, que largaram às 9h e vinham no sentido contrário. A energia e o incentivo desses atletas é impressionante. Uma vibe espetacular.
A estratégia funcionou e consegui chegar ao Costão das Aranhas com mais de 30 minutos de vantagem, o suficiente para enfrentar aquele trecho técnico com segurança para cruzar a linha de chegada, dentro do resort Costão do Santinho, em 1º lugar geral, com uma energia muito agradável do público que acompanhava a prova.
A premiação, no dia seguinte, com um belo almoço e a oportunidade de fazer aquela resenha com os amigos, encerra com chave de ouro mais uma edição deste evento, que, mais do que uma corrida, é uma oportunidade para conhecer alguns dos encantos da Ilha da Magia.