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Fernanda Maciel em ação.

FERNANDA MACIEL E KAYTLYN GERBIN MOSTRAM A FORÇA
FEMININA NA PATAGÔNIA

A Patagônia é um dos lugares mais selvagens do planeta, com condições climáticas adversas, ventos fortes e geleiras inóspitas. A ultra corredora brasileira Fernanda Maciel experimentou isso há doze anos, quando tentou a famosa travessia Circo de los Altares, também conhecida como La Vuelta al Hielo, mas foi desviada devido ao mau tempo.

A travessia em torno do Hielo Continental, o terceiro maior campo de gelo do mundo, leva de 6 a 8 dias e termina em El Chaltén, na Argentina. Maciel, também advogada ambientalista, retornou este mês à Patagônia com o objetivo de completar o percurso com a companheira de equipe da North Face, Kaytlyn Gerbin.

“Voltei à Patagônia para tentar novamente e experimentar o Hielo Continental. A travessia é brutal e desafiadora, e será preciso uma janela perfeita para poder completá-la com clima e logística alinhados. As duras condições aqui na Patagônia tiraram a vida de muitos amigos meus, então volto aqui com muito respeito por essas montanhas. Convidei Kaytlyn Gerbin para ser minha parceira nessa rota. Usaremos cordas e equipamentos técnicos para atravessar o gelo, então eu precisava de um parceiro que tivesse muita experiência nesse tipo de terreno, que pudesse lidar com condições difíceis e correr por horas.”

Kaytlyn Gerbin, corredora americana, acrescenta: “Sempre quis me unir a Fernanda para um projeto, e estar na Patagônia é algo com que sempre sonhei. Aceitei o convite e imediatamente começamos a treinar, estudando a rota, observando as previsões do tempo e montando a logística para essa travessia desafiadora.”

A travessia começa na ponte do Rio Eléctrico e entra em uma floresta passando por Piedra del Fraile e depois cruzando o poderoso Río Electrico. De lá, continua até La Playita, seguido por uma tirolesa e uma subida pela “Laguna de los 14” para chegar à entrada do Glaciar Marconi. A partir desse ponto são mais 30 quilômetros no campo de gelo, navegando por infinitas fendas ao longo da parte mais remota da rota. O ponto mais imponente está no meio do campo Hielo Continental, o famoso anfiteatro Circo de los Altares. O Circo de los Altares está localizado na fronteira do Chile e da Argentina, tendo como pano de fundo as famosas grandes muralhas de Fitz Roy, Cerro Torre e Torre Egger.

“O terreno aqui é selvagem. Correr juntas em uma corda pulando sobre milhares de fendas foi uma experiência inacreditável. Tivemos a sorte de ter boas condições e um dia lindo depois de tantos dias de mau tempo aqui na Patagônia”, diz Gerbin.

Maciel acrescenta:
“As condições do campo de gelo mudam constantemente. Pode haver gelo azul ou neve fresca escondendo as fendas, ou pontes de neve que se tornam muito perigosas no calor do dia. Quando o gelo está estável e em condições seguras podemos correr, e
quando não, estamos testando o terreno e atravessando com cautela. O resgate em fendas ou gretas foi algo que praticamos muito antes de iniciar esta rota.”

Depois de sair do Hielo Continental, a rota sobe o famoso Paso del Viento, passando pela borda do Glaciar Rio Túnel antes de cruzar outra travessia de rio em uma tirolesa. A partir daí, passa pela Laguna Toro e uma cansativa subida final antes de terminar a travessia na entrada do Parque Nacional das Geleiras, num total de quase 80 quilômetros de distância. Com um tempo total de 13 horas e 15 minutos, as duas corredoras comemoraram, exaustas, mas felizes com a experiência e um novo recorde de uma tão esperada travessia pela terra das geleiras. O tempo delas é quase sete horas mais rápido do que qualquer “fastest known time” registrados anteriormente nesta travessia.

“O Hielo Continental tem uma beleza e importância únicas, e com a crise climática o campo de gelo pode se deteriorar ainda mais. Todo o Hielo Continental da Patagônia tem 350 quilômetros de extensão. Este é realmente um lugar muito raro e especial neste planeta”, diz Maciel.

 

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