O QUE GANHAM OS PROFISSIONAIS DE TRAIL E ULTRARUNNERS?
Essa é uma pesquisa feita pela Ultra Running Magazine.
Esse estudo anônimo foi realizado com quase 200 atletas, com o intuito de obter informações chaves sobre provas com âmbito competitivo, de acordo com o cenário UltraRunning e TrailRunning.
Localização geográfica e faixa etária.
De acordo com as estatísticas da pesquisa, 48,7% eram mulheres e 51,3% homens. Quanto à localização, 59,2% dos atletas que responderam eram da América do Norte, 30,3% da Europa, 3,9% da Austrália e arredores, 3,3% da América do Sul e 2% da África. A faixa etária dos atletas foram: 42,8% entre 30-35 anos, 24,3% entre 26-29, 15,8% entre 36-39, 8,6% entre 40-45, 7,9% entre 20-25 e 0,7% com mais de 50 anos.
Como podemos ver na imagem abaixo, 19 marcas foram mencionadas nas respostas de cada atleta. Ainda tiveram atletas que não quiseram responder e 2% afirmando que tinham um patrocinador informal.
Censo sobre o salário dos atletas.
A pesquisa foi dividida em algumas partes. No primeiro momento, as perguntas tiveram o objetivo de saber o valor que cada corredor profissional ganha anualmente, mais bônus por recordes e premiações oferecidas nas provas.
Como podemos ver na imagem acima, (34,2%) respondeu que ganha menos de US$5.000 ou R$24.000 anualmente para exercer a profissão. De acordo com um estudo da SmartAsset de 2023, a renda necessária para viver nas 25 maiores áreas metropolitanas dos Estados Unidos, indicam que menos de 10% dos profissionais de Trail e Ultrarunners ganham o suficiente para atender ao requisito de salário médio de vida.
Grande parte dos entrevistados, ou seja, 70% dos atletas respondeu que menos de 20% da renda vem das premiações de prova e quase 60% afirmou que menos 20% vem de bônus por patrocinadores.
No ano passado, apenas as três principais provas do UTMB (UTMB, TDS e CCC) premiaram em dinheiro os atletas de elite. Para os vencedores, foram dados US$10.000 ou R$47.000. Na segunda colocação: US$5.000 ou R$23.000. E na para os terceiros colocados, US$3.000 ou R$14.000. Na demais provas de menor expressão ao redor do mundo, não oferece nenhum tipo de bonificação em dinheiro.
Mais de 70% responderam que as premiações são injustas e insuficientes.
Logística de viagem e assistência de saúde.
Nessa parte da pesquisa, provavelmente vemos o cenário mais preocupante entre os atletas. Quase metade dos corredores disseram que o suporte para viagens, seja para treinos ou provas é muito bom. Por outro lado, as respostas sobre lesões, fisioterapia e plano de saúde mostram um quadro nada animador. Como os atletas não trabalham integralmente para as marcas, o plano de saúde acaba sendo não exigido por elas. Isso prejudica psicológicamente o atleta, fazendo-o retornar precocimente as atividades por receio de perder seu patrocinador.
Reforçando esse cenário. Quase 50% discordaram da afirmação “Eu seria adequadamente apoiado financeiramente em caso de uma lesão grave”. Mais de 80% dos quase 200 atletas afirmam que não recebem nenhum apoio de plano de saúde dos seus patrocinadores.
Conclusão pela Revista Trail Running Brasil.
Por mais que os países sejam o epicentro do esporte mundial, possuem a matriz das marcas e maior valorização de patrocínio, os resultados indicam que a grande parte dos atletas profissionais ainda precisam de uma segunda fonte de renda para sobreviver. Somente se dedicar ao esporte e esperar receber bonificações financeiras por parte das provas ainda é insustentável. Trazendo esse cenário para o Brasil, vemos algo muito parecido, porém em menor proporção. Temos menos atletas profissionais, menos patrocinadores e premiações financeiras por parte dos evento. Por mais que façamos criticas sobre uma melhora, vale ressaltar que apenas estamos acompanhando o mercado.
Atualmente, para ser um atleta profissional é beirar a margem da informalidade. Sem regulamentações adequadas e direitos trabalhistas, os profissionais ficam extremamente vulneráveis para seguir a profissão. O crescimento astronômico de alguns circuitos e o ganho financeiro por parte deles não acompanha igualmente o incentivo financeiro para os atletas. A recém-formada PTO (Pro Trail Runners Association) já está pressionando por mais mudanças para proteger os corredores, pedindo aos eventos que sigam regras mais rígidas e aumentando o incentivo financeiro.
O outro lado da moeda. Na nossa opinião um esporte não sobrevive sem uma ala profissional. Atletas de elite fomentam, crescem e divulgam o esporte/marcas em âmbito internacional. Novas gerações são movidas e espelhadas por esses corredores. Uma reciclagem de atletas é essencial e obrigatória para a progressão do Trail Running. Com essa “informalidade”, surge um maior crescimento de corredores amadores sendo apoiado pelas marcas especializadas.