Cambiando las reglas
Tecnologia – Cambiando Las Reglas. Salomon abre o debate sobre o uso de fones de ouvido em provas.
Na última edição do CCC (2022), o corredor espanhol, Aritiz Egea, utilizou um fone de ouvido para se comunicar com sua equipe (Salomon), e
receber referências dos rivais e conseguir uma melhor performance na competição.
Para quem acompanha as grandes voltas de ciclismo, a comunicação entre o atleta e sua equipe já fazem parte da competição. Os fãs mais saudosistas
e clássicos afirmam que tal tecnologia acabou com a emoção. Os pilotos não arriscam mais seguir seus instintos com fugas e ataques, mirabolando estratégias
pessoais para conseguir a vitória. No entanto, apenas seguem as ordens dos chefes de equipe, fazendo o papel de um bom gregário ou líder de equipe. Até que ponto a tecnologia ajuda ou atrapalha esses supostos peões no tabuleiro de batalha?
O ex-ciclista profissional, Joaquim ‘Purito’ Rodríguez, 43 anos, viveu os dois momentos no esporte. O espanhol que viveu o esporte clássico, teve que se adaptar a nova comunicação durante a carreira. Joaquim alega que a transmissão via rádio entre atletas e assistentes veio por uma questão de segurança, para não ter de cruzar carros e atrasar ciclistas no meio de um pelotão com mais de 150 ciclistas próximos e minimizando movimentos que poderiam levar a quedas, mas que sempre foi utilizado para desenvolver táticas de corrida.
E mesmo assim, o ex-ciclista não acredita que isso tenha matado a essência do seu esporte – “mas te informa como vão os outros e você procura o momento, a sensação. Por mais que te digam, você sabe se tem força ou não”. defende Purito, que já assessorou Biel Ràfols e a equipe Salomon em um experimento que abre um debate: O uso de fone de ouvido no Trail Running.
Nas brechas do regulamento. Foi assim que a equipe Salomon junto ao corredor Aritz Egea, aproveitaram a oportunidade para testar a tecnologia na Ultra Trail Du Mont-Blanc, precisamente na prova CCC. Egea terminou em 9º lugar, nos 100km e mais de 6.000D+ em menos de 11 horas, e se muniu de fones de ouvido conectados ao celular que trocavam informações com o carro de Ràfols, o responsável da equipe, durante todo o teste. Para Biel, isso pode ser um divisor de águas no esporte. “Acho que isso pode ser um antes e um depois no trail”. O vídeo publicado no dia 28 de dezembro, feito com uma super produção, é uma clara tentativa da marca de defender a regulamentação dessa tecnologia no esporte
Quais seriam as vantagens desse utensílio para o atleta?
Sem dúvidas os benefícios pelo uso do fone são notáveis. O corredor receberá informações constantes sobre a diferença de tempo do adversário a frente, ou que esteja na perseguição. Organização imediata nos postos de abastecimento. Aritz relatou durante o percurso que suas roupas estavam molhadas e que precisavam ser trocadas ao chegar no posto. Com isso, a equipe teve tempo de preparar todo equipamento necessário para uma troca rápida do corredor. Todo final de prova é sofrido. Ainda mais se falando de 100km e 6.000D+. Nos últimos quilômetros de competicão, Biel Ràfols colocou o filho de Aritiz no telefone para dar um ânimo ao pai, para que o corredor pudesse espremer ao máximo seu último esforço.
A proposta de Salomon, porém, tem opiniões conflitantes entre os atletas da marca. O francês Thibaut Baronian reconhece as vantagens de ter referências de tempo com os restantes corredores em provas de ultradistância em que se perde o contacto visual com os rivais, enquanto a americana Courtney Dauwalter opta pelo método mais clássico: “Prefiro não ter referências porque gosto de ficar calada na montanha, tendo problemas e resolvendo sozinha”, explica.
Será que veremos essa nova tecnologia ser introduzida na próxima edição do UTMB e em outras provas? Para já, o regulamento de 2023 diz o mesmo de sempre: “um smartphone faz parte do material obrigatório e a assistência pessoal só é tolerada exclusivamente em alguns pontos do abastecimento”. Todavia, esse tipo de comunicação continua num limbo regulamentar.