A prova que o Brasil precisa conhecer!
O nordeste do Brasil vem se mostrando uma grande promessa dentro do cenário Trail, muitas provas com muita qualidade organizacinal e variados tipos de trilha. Além disso, o público nordestino tem crescido vertiginosamente e com uma paixão muito grande por correr em trilhas.
São muitos eventos que vem tendo suas vagas esgotadas bem no início das inscrições e isso nos mostra o quanto podemos fazer o trail nacional atingir todas as regiões do Brasil.
No último fim de semana estivemos presente no “Desafio Serra dos Matões” em Pedro II no Piauí, local de uma beleza incrível, uma serra com muita história, cultura e pessoas carismáticas e acolhedoras.
Sem “rasgar seda”, vamos a análise do evento como um todo.
A organização presta um serviço de qualidade desde o momento pré-inscrição até o pós evento, isso fica nítido nas “Lives” feitas pela organização, as quais acompanhamos e notamos a preocupação do organizador, Luciano Ushôa, em passar o máximo de informações possíveis para os atletas. Todos os pontos são tratados e esclarecidos e o que percebi é que os atletas da prova participavam das “lives” ativamente, para uma prova que não passa de 250 atletas (limite da prova), haviam mais de 120 (média) pessoas online.
A retirada de kit foi feita na capital, Teresina na quinta-feira e também no condomínio “Serra dos Matões”, bem próximo a arena da prova na sexta-feira. Esta forma de trabalhar muito me agrada pois dá oportunidade das pessoas pegarem seus kits com calma.
Devemos destacar o cumprimento dos protocolos estabelecidos para retirar os kits, todos atletas foram devidamente testados contra COVID 19 antes da retirada do kit e felizmente não houve nenhum caso reagente. Palmas e mais palmas para a organização.
O Congresso técnico foi feito na sexta-feira na parte da noite garantindo a informação ampla e sem aglomerações.
A presença de atletas de renome nacional como Sílvia Durigon e Carla Lugaresi abrilhantaram o evento pois aproxima atletas do nordeste e faz com que o nível competitivo fique ainda maior na prova.
O dia da prova
Arena dos 45km e 10km eram no mesmo local com muita estrutura e bem pensada, havia restaurante, locais protegidos do sol, somente poderíamos entrar e permanecer na arena com uso de máscaras e havia banheiros atender os atletas e convidados. O visual era o diferencial, uma vista panorâmica da Serra, realmente fascinante.
A prova tinha largada programada para 10h da manhã e assim partimos para os 45km na certeza de viver um dia feliz nas trilhas piauienses. Dividimos a prova em 3 partes, na primeira até o km 13 a prova foi muito técnica, muita descida com pedras, um verdadeiro teste de fogo para os tornozelos, a progressão era muito difícil e a corrida não era fácil mesmo para os mais experientes.
Apesar de não ser uma prova com muito ganho altimétrico em comparação com outras provas com a mesma distância, não se engane, a prova não será tão rápida quanto se espera… o nível técnico, no geral, a coloca, em nossa visão, entre as 5 mais técnicas do Brasil facilmente.
A passagem pelo “Apertado da hora”, uma espécie de fenda na montanha me lembrou muito a famosa “Table Mountain” em Cape Town, África do Sul, claro que a subida não é tão grande, porém é muito mais técnica, teve trecho que tive que abraçar a pedra para me jogar para cima. Um momento que guardarei na memória por muito tempo.
Corremos pelo topo da montanha, bem próximo ao precipício, mas sem risco algum, somente o visual a perder de vista.
O posto de controle do Km 21 era a linha de chegada dos 21km e uma base para os 45km, creio que foi o ponto que salvou muitas pessoas, pelo menos eu fui salvo pela água geladinha, coca cola e um chuveiro para me refrescar do sol de 38º. A partir daí corremos muito, subimos muito e descemos bastante por trilhas variadas e por povoados como o do “Fundão” que hoje todos moradores foram retirados pois o acesso era muito difícil e inviável para atendimentos, por exemplo.
Os últimos kms da prova, após os 30km nós descemos toda a montanha e por volta do km 40 subimos para a chegada, uma subida menos inclinada, mais longa e que permitia, a quem ainda tinha perna, correr e fechar com chave de ouro.
Uma das marcas da prova é o trabalho cultural feito pela organização, são mais de 40 artistas no percurso mostrando a cultura piauiense, entretendo os atletas e os conectando com o local de uma forma fantástica e que nos impulsiona a continuar na trilha a espera da próxima atração. Neste quesito merece reverências, foi realmente fantástico ver tanto capricho e tantos artistas talentosos durante o percurso.
As premiações foram feitas assim que se completavam os pódios gerais e de categorias evitando aglomerações e dando agilidade ao evento.
Outro ponto que deve ser ressaltado é o número de fotógrafos estrategicamente espalhados no percurso para que o atleta tenha o registro deste momento tão singular de seu desafio e sua conquista.
Único ponto que pra mim não foi bom é o horário da largada, mas isso é uma coisa pessoal e que nada interferiu no andamento do evento e lembro que o calor que fez no dia é demasiado para mim, Valmir Lana, mas sei que isto é somente mais um ingrediente da prova e nunca irei reclamar ou fugir disso, afinal eu vivo o trail na sua amplitude e com o pacote completo, esse é o espírito.
Considerações finais
Um evento de primeira qualidade organizacional, com muita atenção aos protocolos de segurança, pontos de apoio suficientes para você fazer uma grande prova, muito carinho e cuidado com cada atleta, realmente um evento diferenciado e que vemos em cada atleta a satisfação de estar ali, de viver aquele momento, todos da organização trabalham felizes, me impressionou muito ver isso novamente, pois já tinha vivenciado isso em dezembro de 2020 no “Desafio Delta do Parnaíba” e sinto uma gratidão muito grande de ter feito parte novamente destes momentos.
Evento: Desafio Serra dos Matões
Distâncias: 45k, 21k e 10k
Local: Pedro II, Piauí
Organização: Luca Eventos.